IRC

O IRC (Versao 1.1)

  • O Aparecimento do IRC

O IRC é a abreviatura de "Internet Relay Chat".
O IRC é um programa cuja origem remonta a Agosto de 1988 quando Jarkko Oikarinen (jto@rieska.oulu.fi), pertencente à Universidade de Oulu na Finlândia, tentou criar um programa que permitisse aos utilizadores da BBS "OuluBox" terem uma espécie de Usenet (conhecida em Portugal também como Newsgroup), com a possibilidade de as discussões serem feitas em tempo real.

Utilizando como base um programa chamado "MUT", desenvolvido por Jukka Pihl (phil@rieska.oulu.fi), equivalente a um canal de IRC e outro desenvolvido por Jyrki Kuoppala (jkp@cs.hut.fi) que se tornou a base para o sistema de mensagens actualmente utilizado (/msg), Jarkko criou um programa que veio a ser muito mais do que ele inicialmente planeava.

Embora previsto para ser apenas um programa de uso local, rapidamente, com a contribuição de vários outros indivíduos, o IRC foi tomando a forma de um programa virado para ligações entre sistemas, com ligações inter-institucionais, numa perspectiva nacional e/ou internacional.

Em 1989 Jarkko conseguiu convencer vários amigos, quer na Finlˆndia quer na Suécia, a fazerem a primeira rede de IRC: a "O-NET".

Tendo evoluído de um simples programa semelhante a um "Talk" do Unix, o IRC mantém-se em contínua mutação. Actualmente, são desenvolvidas ao mesmo tempo, várias versões de IRC diferentes. É o caso dos servidores característicos da UnderNet, Efnet, Dalnet e da rede portuguesa: PTnet.

  • O Desenvolvimento e Vertentes do IRC

Embora nos primeiros passos do IRC o número de servidores tenha aumentado de forma substancial, tal não se verificava com o número de Utilizadores. Com 86 servidores, o número médio de utilizadores simultâneos era de aproximadamente metade.

Foi em Janeiro de 1991, com a guerra do Golfo como grande tema, que este número aumentou rapidamente de 100 para 300.

Por todo o mundo, utilizadores da Internet tentaram arranjar alguma forma de saber, o mais rapidamente possível, várias notícias sobre aquele que seria um dos momentos mais importantes da história recente.O que seria melhor para a divulgação dessas informações do que o IRC?

Alguns habitantes do Kuwaitt iam, através do IRC, dando informações diárias sobre as várias atrocidades de que estavam a ser vítimas por parte dos Iraquianos.

Daí em diante, outros episódios semelhantes se passaram, tendo sido relatados ao vivo através deste meio. O terramoto no Sul da Califórnia e a Revolução Russa de 1992 são alguns documentos que reflectem a componente informativa do IRC e que se encontram disponíveis na NET.

Outra vertente do IRC é a vertente Educativa. "PCBeth" realizada em 23 de Abril de 1994 foi a primeira representação teatral que existe conhecimento que utilizou este meio de divulgação.

Acessos de turmas escolares que são levadas para o IRC de forma a entrarem em contacto com as largas dezenas de culturas de diferentes povos, assim como os casos existentes em que indivíduos chegam conseguir ter uma conversa em mais de 14 idiomas, fruto do constante contacto com pessoas de diferentes países, são outros dos exemplos que se podem apresentar que reflectem as capacidades do IRC.

  • Quem são os seus utilizadores

O facto de se poder ter uma conversa sob um pseudónimo, assim como a possibilidade de refúgio completo por detrás do monitor desinibe qualquer indivíduo.
Mesmo que um utilizador, na sua vida real, seja extremamente tímido, no IRC raramente isso acontece. Por muitas vezes o utilizador mais tímido é o mais sociável de todos os presentes.

O fascínio resultante deste facto, leva a que geralmente seja este tipo de utilizadores que mais facilmente aderem às conversas que surgem neste serviço. Embora sem o parecer, o IRC é, para algumas pessoas, viciante. Por muitas vezes, enquanto se "navega" pelos diferentes canais existentes, encontrem-se pessoas que são verdadeiras viciadas. Para estas, passar horas a fio em frente de um terminal, assim como estar muito tempo além do limite quando se têm compromissos importantes, são situações banais.

O IRC tornou-se no que é hoje devido à sua grande versatilidade. De todas as componentes que possui, é de facto a componente recreativa que mais se salienta.

São indivíduos novos, estudantes, assim como outras pessoas com algum tempo livre, os mais habituais frequentadores.

A esmagadora maioria dos utilizadores acede com o fim de se divertir, embora este conceito seja diferente para cada um...

A facilidade com que se introduz uma anarquia fascina grande parte dos novos aderentes.
Embora após um "tempo de habituação" estas tendências desapareçam, a verdade é que uma percentagem dos utilizadores acede com o intuito de, pura e simplesmente, tentar dificultar o acesso dos outros. Como se diz, o poder corrompe... Muitas vezes aqueles que têm a possibilidade de "governar", acabam por cometer as maiores injustiças.

  • As amizades no IRC

Embora as amizades que normalmente aparecem não sejam levadas muito a sério, existem muitas outras cujo fim é bastante diferente.

É frequente a reunião de alguns indivíduos que costumam conversar no IRC. Um bom exemplo disso é uma IRC PARTY que teve lugar em Portugal em 1995 que reuniu diversos indivíduos de vários pontos da Europa (Portugal, Itália, Suíça, França e Inglaterra).

Muitas vezes, por pura brincadeira, iniciam-se relações afectivas num local que, sem ninguém dar por isso, se torna um verdadeiro "Cupido".

Como foi anteriormente referido, o facto de não se ver a "cara" por detrás do monitor, leva as pessoas a exporem-se bastante.

A abertura total da personalidade leva a que apareçam bastantes paixões. Estas paixões podem ter os mais diversos fins, desde o casamento até ao ódio.


Não é fácil encontrar alguém que corresponda `s nossas expectativas para quem está "do outro lado". Geralmente, a nossa imaginação, leva-nos a supor uma imagem bastante diferente da que na realidade é a imagem da pessoa com quem falamos.

  • A Informação através do IRC

Uma forma, bastante comum, de se conhecer a imagem de quem comunicamos é através do recurso a fotografias digitalizadas.

É bastante fácil, quer através de um protocolo próprio dos clientes de IRC chamado DCC, ou até de outra forma, enviar um ficheiro de dados informáticos utilizando o IRC.

Sendo um dos meios de comunicação de dados mais baratos, o IRC atrai facilmente os que pretendem efectuar esta troca de informações.

Todas estas facilidades levam a que, muitas vezes, o material que circule no IRC seja ilícito. Isto não quer dizer que todas as pessoas que se encontram no IRC pratiquem esse tipo de actos, mas sim que existe uma percentagem que o faz.
Estas são as consequências de um serviço que não pretende ser monitorizado, exceptuando os casos em que se suspeita que algum dos intervenientes neste processo tenha cometido um crime.

Uma grande polémica "estourou" há algum tempo atrás. A publicação de um artigo contra o IRC, levou a que alguns dos seus mentores reagissem e divulgassem um texto em defesa desse meio de comunicação. De todo o documento há algo escrito pelos seus autores que não se pode deixar de referenciar. De facto, a culpa da prática de actos ilícitos é unicamente imputável a quem os comete. Nunca se pode responsabilizar as pessoas que mantêm um serviço pelo facto dos seus utilizadores terem atitudes menos próprias.

  • Conclusão sobre o IRC

Em resumo, o IRC é um serviço bastante versátil com inúmeras funções, cujo grau de domínio e utilidade dependem apenas de cada indivíduo lhes pretende dar. É um local onde se pode recorrer quando se necessita de ajuda em qualquer campo na nossa sociedade, desde questões informáticas a questões político-sociais.



Texto por Paulo Santos

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