segunda-feira, outubro 20, 2014

SOPRO NO CORAÇÃO Causas, sintomas e tratamento


O que é um sopro no coração?
O que causa o sopro no coração?
Existe mais de um tipo de sopro?
Sopro cardíaco é algo grave?
Todo sopro indica doença?
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Se você não sabe responder as perguntas acima, então este texto foi feito para você.
Introdução
O sangue flui de modo contínuo e em uma única direção dentro das cavidades cardíacas, não produzindo nenhum barulho. O sopro cardíaco é um som que pode ser escutado quando há interferência neste fluxo, havendo turbulência do sangue dentro do coração. O sopro geralmente surge por problemas nas válvulas cardíacas, mas em crianças e em pessoas jovens saudáveis ele pode ser um achado inocente, sem nenhum significado clínico.
O sopro costuma ser identificado durante o exame físico médico, através da ausculta cardíaca com o estetoscópio.
Antes de falarmos do sopro cardíaco propriamente dito, precisamos dar uma passada rápida na anatomia e na fisiologia básica do coração. Para compreender termos como sopro sistólico, sopro de regurgitação ou sopro por insuficiência mitral, é preciso primeiro entender o que são as válvulas cardíacas e como o sangue normalmente flui entre as estruturas do coração. Leia com atenção as próximas linhas pois o seu entendimento é essencial para a compreensão do resto do texto. Utilizarei algumas figuras para ajudar.
Como funciona o coração?
O coração é dividido em 4 câmaras:
– Átrio (ou aurícula) esquerdo
– Átrio (ou aurícula) direito
– Ventrículo esquerdo
– Ventrículo direito
O sangue chega ao coração por 2 maneiras:
1- O sangue que chega à parte esquerda do coração vem dos pulmões, entra pelo átrio esquerdo, passa ao ventrículo esquerdo e depois é bombeado de volta ao corpo. Este sangue é representado pela cor vermelha na figura abaixo.
2- O sangue depois de passar por todo o corpo, retorna ao coração. Agora ele chega pelo átrio direito, passa para o ventrículo direito e é finalmente bombeado em direção aos pulmões, onde depois de oxigenado retorna ao coração pelo átrio esquerdo com explicado no item 1. Este sangue é representado pela cor azul na figura abaixo.
circulação cardiaca
O sangue não circula livremente dentro do coração. Existem 4 válvulas que servem de porta, abrindo-se e fechando-se de modo a impedir que o sangue retorne de uma cavidade para outra. Uma vez dentro dos ventrículos, o sangue já não retorna mais de volta para os átrios, e quando dentro das artérias, o sangue também já não mais retorna aos ventrículos. Graças as válvulas, o sangue flui somente em uma única direção: veia »» átrio »» ventrículo »» artéria.
Válvulas do coração direito:
– Válvula tricúspide – localiza-se entre o átrio direito e o ventrículo direito.
– Válvula pulmonar – localiza-se entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar
Válvulas do coração esquerdo:
– Válvula mitral – localiza-se entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo
– Válvula aórtica – localiza-se entre o ventrículo direito e a artéria aorta.
Válvulas cardíacas
Como é um sopro cardíaco?
Como todos já sabemos, quando auscultamos o coração com um estetoscópio é possível ouvi-lo batendo: “tum-tum…tum-tum…tum-tum…tum-tum”
Ouça os sons cardíacos normais:
http://www.dundee.ac.uk/medther/Cardiology/audio/normal.wav
Mas por que o coração faz dois sons de cada vez (“tum-tum…tum-tum…tum-tum”) em vez de apenas um (“tum…tum…tum”)?
Na verdade, ao contrário do que se pensa, esses sons não são pelo batimento do coração, mas sim pelo fechamento das suas válvulas. O primeiro “tum” é produzido pelo fechamento das válvulas mitral e tricúspide que impedem o retorno do sangue aos átrios enquanto os ventrículos se contraem. O segundo “tum” ocorre pelo fechamento das válvulas aórtica e pulmonar, impedindo que o sangue que já foi lançado em direção as artérias retorne aos ventrículos. Enquanto a mitral e a tricúspide estão fechadas, a aórtica e pulmonar estão abertas e vice-versa.
Esse “tum”, causado pelas válvulas, recebe o nome de bulha ou som cardíaco. Descrevemos o batimento cardíaco normal como bulhas em 2 tempos ou sons cardíacos em 2 tempos.
O sopro ocorre toda vez que há algum defeito nas válvulas, fazendo com que o sangue não flua de modo correto dentro do coração.
Existem 2 defeitos básicos:
Estenose valvar = Quando a válvula se torna endurecida e não consegue mais se abrir completamente, o sangue acaba tendo dificuldade de passar de uma câmara para outra. Esse turbilhonamento produz o sopro. Se a válvula estenosada é a aórtica, chamamos de sopro por estenose aórtica. Se o defeito for na válvula tricúspide, sopro por estenose tricúspide, e assim por diante.
Regurgitação ou insuficiência valvar: Quando a válvula não se fecha completamente, ela acaba permitindo refluxo do sangue na direção contrária. Esse tipo de fluxo retrógrado também produz turbilhonamento e, consequentemente, um sopro. Por isso, temos o sopro de insuficiência mitral, insuficiência aórtica, etc.
Enquanto a válvula normal produz um som do tipo “tum-tum”, as válvulas doentes e com sopro fazem algo tipo “tuuuush-tum” ou “tum-tuuuush”.
Ouça novamente o sons normais e compare abaixo com os sons de um sopro por regurgitação da válvula aórtica.
Som cardíaco normal (“tum-tum”)
http://www.dundee.ac.uk/medther/Cardiology/audio/normal.wav
Sopro por estenose da regurgitação da válvula aórtica. (“tuuush-tum”)
http://www.dundee.ac.uk/medther/Cardiology/audio/ar.wav
O que é sopro sistólico e sopro diastólico?
Sístole é o momento em que os ventrículos estão se contraindo, expulsando o sangue em direção as artérias. Diástole é o momento em que os ventrículos estão relaxados, se enchendo com o sangue vindo dos átrios.
Na sístole, as válvulas aórtica e pulmonar estão abertas e as mitral e tricúspide fechadas. Na diástole ocorre o oposto. Portanto, o primeiro “tum”, fechamento das válvulas mitral e tricúspide, ocorre na sístole. O segundo “tum”, pelo fechamento das válvulas aórtica e pulmonar, ocorre na diástole. Quando o sopro ocorre logo após o primeiro “tum”, ou seja “tuuush-tum”, denominamo-os sopro sistólico. Se o sopro ocorre após o segundo tum, ou seja, “tum-tuuush” estamos diante de um sopro diastólico.
– Os sopros sistólicos são causados por estenoses das válvulas aórtica ou pulmonar, ou por insuficiência das válvulas mitral ou tricúspide.
– Os sopros diastólicos ocorrem por estenoses das válvulas mitral ou tricúspide, ou por insuficiência das válvulas aórtica ou pulmonar.
Os sopros são graduados em I a VI.
– Sopro grau I – sopro muito discreto, inaudível para quem não tem ouvidos treinados.
– Sopro grau II – sopro médio, facilmente audível pelo estetoscópio.
– Sopro grau III – sopro alto.
– Sopro grau IV – sopro muito alto que pode ser sentido com mão ao se tocar no peito do paciente.
– Sopro grau V – sopro muito alto que pode ser escutado mesmo sem encostar o estetoscópio no peito do paciente.
– Sopro grau VI – sopro tão alto que poder ser escutado mesmo sem estetoscópio.
Quanto maior o grau do sopro, mais grave é a doença da válvula acometida.
Como saber se um sopro é benigno ou um sinal de doença do coração?
Até 50% das crianças sem problemas cardíacos podem apresentar sopro no coração. Em geral, o sopro desaparece espontaneamente com o crescimento. Ele ocorre, habitualmente, devido às desproporções entre os tamanhos das estruturas do coração e seus vasos. No adulto, o sopro também pode ser benigno, mas não é tão comum como nas crianças.
O sopro benigno é sempre sistólico e de baixa intensidade (grau I ou II). Sopros diastólicos ou de grau maior que III são sempre patológicos. O sopro benigno costuma ficar mais intenso quando o paciente se deita e desaparece, ou quase, quando o paciente se senta ou fica em pé.
Nas crianças, as doenças cardíacas que causam sopros são geralmente congênitas, ou seja, defeitos de nascimento, o que faz com que o sopro patológico costume vir acompanhado de sintomas como problemas no desenvolvimento, astenia, falta de apetite, cianose (lábios arroxeados), etc.
No adulto, as doenças das válvulas se desenvolvem ao longo do tempo. Se paciente tiver sintomas de insuficiência cardíaca, como falta de ar, edemas, cansaço fácil, dor no peito, etc., é fácil saber que o sopro cardíaco é indicativo de doença das válvulas do coração (leia: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA – CAUSAS E SINTOMAS). O problema é que no adulto, o sopro pode ser o primeiro sinal de doença cardíaca, precedendo em anos o surgimento dos sintomas de falência do coração.
Algumas condições podem causar o aparecimento de um sopro cardíaco temporário, sem relação com doença das válvulas. Este sopro desaparece assim que sua causa é eliminada. São elas:
– Febre (leia: O QUE SIGNIFICA E POR QUE TEMOS FEBRE?).
– Anemia (leia: ANEMIA – CAUSAS E SINTOMAS).
– Hipertireoidismo (leia: HIPERTIREOIDISMO E DOENÇA DE GRAVES).
– Exercício físico.
– Gravidez.
Doenças que causam sopro cardíaco
O sopro patológico é aquele que ocorre secundariamente a uma doença do coração. Como já dito, nas crianças ele ocorre por doenças congênitas, enquanto que nos adultos ele surge após doenças cardíacas adquiridas durante a vida.
Nas crianças, além das lesões nas válvulas, o sopro cardíaco patológico também pode ocorrer por um defeito no septo que separa os ventrículos. Normalmente os ventrículos esquerdo e direito nunca se comunicam, mas defeitos durante a formação da parede entre ambos podem causar pequenos buracos que permitem a passagem de sangue ente um e outro. Este anormal fluxo de sangue também produz sopro.
Nos adultos, os sopros ocorrem por defeitos nas válvulas, sejam estenoses ou insuficiências. As principais causas de sopro cardíaco adquirido são:
– Prolapso da válvula mitral (leia: PROLAPSO DA VÁLVULA MITRAL).
– Febre reumática (leia: FEBRE REUMATICA | Sintomas e tratamento).
– Endocardite infecciosa (leia: ENDOCARDITE – Sintomas e tratamento).
– Calcificação da válvula pela idade. Ocorrem mais comumente nas válvulas mitral e aórtica.
As lesões das válvulas cardíacas costumam levar à insuficiência cardíaca, porém, o inverso também pode ocorrer. Um coração insuficiente costuma estar dilatado fazendo com que os folhetos das válvulas se afastem, provocando regurgitação do fluxo sanguíneo. Por isso, todo doente com insuficiência cardíaca moderada a grave, por outras causas que não lesão das válvulas, também pode apresentar sopro no coração. A diferença é que neste caso, o sopro surge depois dos sintomas de insuficiência cardíaca já estarem presentes.
Diagnóstico do sopro cardíaco
Um bom médico consegue apenas através do exame físico estabelecer a causa do sopro cardíaco. Porém, nem todos os médicos são cardiologistas e nem sempre o sopro é de tão fácil avaliação.
O exame definitivo para avaliação dos sopros e, consequentemente, das válvulas do coração é o ecocardiograma com doppler. Este exame permite não só identificar o tipo de lesão nas válvulas, como medir o grau de estenose ou insuficiência e avaliar os danos ao coração em decorrência destas lesões.
Tratamento do sopro cardíaco
É bom lembrar que o sopro não é uma doença, mas sim um sinal de doença. O que preocupa não é o sopro em si, mas a doença que o está causando. Sopros causados por anemia ou febre, desaparecem após o tratamento destes.
No caso de lesão das válvulas, o tratamento é mais complexo. Se a lesão da válvula não acarreta maior esforço ao coração e não há sinais de insuficiência cardíaca, o tratamento é feito clinicamente. Nas situações mais graves, com importante lesão valvar, pode ser indicada a cirurgia para troca da válvula nativa defeituosa por uma válvula artificial.
Sopros benignos não precisam de nenhum tratamento.

Fonte http://www.mdsaude.com/2010/04/sopro-coracao-sopro-cardiaco.html

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ICTERÍCIA | Neonatal e adulto

A icterícia é um sinal clínico que se caracteriza pela cor amarelada da pele, mucosas e olhos. Ela surge quando há excesso de uma substância chamada bilirrubina no sangue.

Antes de falar da icterícia propriamente dita, é importante gastar algumas linhas explicando o que é a bilirrubina e por que ela se acumular no sangue.

O que é bilirrubina?

Nossas hemácias (glóbulos vermelhos) têm uma vida média de 120 dias. Quando elas ficam velhas, são levadas para o baço, onde são destruídas. Um dos produtos liberados neste processo é a bilirrubina, um pigmento amarelo-esverdeado.
Todos os dias, milhões de hemácias são destruídas e toda essa bilirrubina liberada tem que ser metabolizada em algum outro sítio, já que o baço não efetua essa função. O grande órgão responsável pelas metabolizações das substâncias do nosso organismo é o fígado, e é para lá que são encaminhadas toda a bilirrubina recém-formada no baço.
O único meio de transportar qualquer substância pelo corpo é através da circulação sanguínea. A bilirrubina produzida no baço não se dilui na água. Deste modo, para ser transportada pelo sangue ela precisa se ligar a uma proteína chamada albumina. Em uma analogia bem grosseira, poderíamos dizer que a bilirrubina não sabe nadar e precisa de uma canoa para atravessar a corrente sanguínea.
Essa bilirrubina insolúvel produzida no baço é chamada de bilirrubina indireta (ou bilirrubina não conjugada). Sua concentração sanguínea normal varia entre 0,1 e 0,6 mg/dL.
Ao chegar ao fígado, a bilirrubina indireta é metabolizada e se transforma em uma substância solúvel em água, chamada agora de bilirrubina direta (ou bilirrubina conjugada). Essa bilirrubina direta é eliminada através das vias biliares em direção ao trato gastrointestinal, onde será eliminada nas fezes. A bilirrubina direta após cair nos intestinos é mais uma vez metabolizada, agora pelas bactérias ali presentes, tornando-se um pigmento de coloração marrom responsável pela cor característica das nossas fezes.
Uma pequena parte da bilirrubina produzida no fígado extravasa para a corrente sanguínea. A concentração normal de bilirrubina direta no sangue varia entre 0,1 e 0,4 mg/dL. Essa bilirrubina direta diluída no sangue é filtrada pelos rins e eliminada na urina. Parte da coloração amarelada da urina se dá pela presença de pequenas quantidades de bilirrubina na mesma.
Portanto, os valores normais de bilirrubina sanguíneos nos adultos são os seguintes:
Bilirrubina total: 0,2 a 1,1 mg/dL
Bilirrubina indireta: 0,1 e 0,7 mg/dL
Bilirrubina direta: 0,1 a 0,4 mg/dL
Obs: esses valores podem variar um pouco dependendo do laboratório e do método usado para medição. Se quiser saber mais sobre marcadores de doença do fígado, leia: O QUE SIGNIFICAM AST (TGO), ALT (TGP) E GAMA GT?
A icterícia surge quando, por algum motivo, ocorre um acúmulo de bilirrubina direta e/ou indireta, no sangue. Quando as concentrações de bilirrubina ultrapassam 1,5 a 2,0 mg/dL, esse excesso de pigmento extravasa em direção à pele, mucosas e à membrana que recobre a esclera (parte branca dos olhos), levando a característica aparência amarelada da icterícia.

Causas de icterícia

A icterícia surge, basicamente, quando há uma produção excessiva de bilirrubina e/ou quando há uma eliminação deficiente da mesma. A icterícia neonatal ocorre pelos dois motivos e será abordada separadamente na parte final do texto.
Icterícia
Icterícia por aumento de bilirrubina indireta
A bilirrubina indireta pode se acumular quando há uma grande destruição da hemácias – além daquela considerada normal -, jogando na circulação sanguínea uma quantidade de bilirrubina maior do que a capacidade do fígado de excretá-la.
Essa destruição é chamada de hemólise e pode ocorrer por vários motivos:
– Uso de drogas (ribavirina, benzocaína, dapsona, fenazopiridina, paraquat, gás arsênico, chumbo, etc.).
– Infecções como malária e leptospirose (leia: SINTOMAS DA LEPTOSPIROSE).
– Defeitos na própria hemácia como na esferocitose hereditária, hemoglobinúria paroxística noturna, anemia falciforme (leia:  ANEMIA FALCIFORME (DREPANOCÍTICA)), talassemia etc…
– Doenças auto-imunes (leia: DOENÇA AUTO-IMUNE).
O acúmulo de bilirrubina indireta também pode ocorrer por incapacidade do fígado em conjugar a mesma em bilirrubina direta. A síndrome de Gilbert e a síndrome de Crigler-Najjar são duas doenças genéticas que podem causar icterícia por deficiência da enzima do fígado responsável pela conjugação da bilirrubina (leia: SÍNDROME DE GILBERT, CRIGLER-NAJJAR e DUBIN-JOHNSON).
Icterícia por aumento de bilirrubina direta
A icterícia por bilirrubina direta ocorre quando o fígado consegue conjugar a bilirrubina, mas por algum motivo não consegue excretá-la em direção aos intestinos. Entre as principais causas podemos citar:
– Hepatites virais (leia: AS DIFERENÇAS ENTRE AS HEPATITES)
– Esteatose hepática grave (leia: O QUE É ESTEATOSE HEPÁTICA?)
– Cirrose hepática (leia: CIRROSE HEPÁTICA)
– Cirrose biliar primária
– Obstrução das vias biliares por cálculos
– Câncer do fígado ou das vias biliares
– Câncer do pâncreas com obstrução das vias biliares

Sinais e sintomas clínicos associados à icterícia

Além da pele e dos olhos amarelados, a icterícia costuma acometer também as mucosas. O freio da língua é outro ponto onde pode-se notar o pigmento amarelado da bilirrubina.
icterícia
Icterícia – pele amarelada
A deposição do pigmento na pele, além de ser responsável pela coloração amarelada, também causa um comichão intenso. Muitas vezes o paciente se queixa mais da coceira do que da própria alteração de cor da pele.
Quando a icterícia é de origem direta, ou seja, devido a bilirrubina solúvel em água, podemos ter mais 2 achados típicos:
Colúria:  quando há muita bilirrubina direta no sangue, há consequentemente muita bilirrubina sendo filtrada pelos rins. O resultado é uma urina cor escura (tipo Coca-Cola) ou com um alaranjado forte, causado pelo excesso de pigmento na mesma. Como a bilirrubina indireta não é solúvel na água, ela não é filtrada pelo rim, por isso, não há colúria nestes casos de icterícia.
Acolia fecal: quando ocorre algum impedimento na excreção da bilirrubina conjugada para os intestinos, o paciente pode apresentar fezes muitos claras, por vezes, quase brancas, devido a ausência de pigmento na mesma.

Icterícia neonatal

A icterícia neonatal ou icterícia do recém-nascido é uma condição comum, principalmente e bebês nascidos antes de 36 semanas.
Na maioria do neonatos  a icterícia é um fenômeno normal e esperado. Os níveis de bilirrubina indireta do recém-nascidos é naturalmente mais elevada do que nos adultos. Isto ocorre por 2 motivos:
– As hemácias dos recém-nascidos apresentam uma vida média mais curta do que as dos adultos. Além disso, os neonatos também apresentam uma concentração de hemácias mais elevada. O resulta final é uma quantidade muito maior de hemácias precisando ser destruídas e uma maior quantidade de bilirrubina sendo lançada na circulação.
– O fígado do recém-nascido é imaturo e sua capacidade de conjugação e excreção da bilirrubina é limitada.
A icterícia dita fisiológica (normal) é aquela que inicia-se ao redor do 3º dia de vida e desaparece em até 2 semanas. Em bebês prematuros ela pode demorar um pouco mais.
Os níveis de bilirrubina podem chegar ao redor de 15 mg/dL.
Quando a icterícia neonatal preocupa?
Apesar de ser muito comum, a icterícia em recém-nascidos pode ser preocupante, não só por poder indicar a presença de alguma doença, mas também por causar lesões no sistema nervoso central quando em níveis muito elevados.
A icterícia não deve ser considerada fisiológica quando:
– Inicia-se antes nas primeiras 24h.
– Apresenta concentrações sanguíneas acima de 20 mg/dL.
– Quando demora mais de 2 semanas para desaparecer (exceto em prematuros).
– Quando a bilirrubina direta também está muito elevada.
A icterícia que não apresenta características de fisiológica pode indicar que o recém-nascido tenha problemas do fígado, das vias biliares, hemólise ou qualquer outra doença que cause elevação das bilirrubinas.
Kernicterus
Kernicterus é o nome dado a encefalopatia (lesão do sistema nervoso central) causada pelo acúmulo de bilirrubina no cérebro. Ocorre principalmente quando há níveis de bilirrubina acima dos 25 mg/dL.
Os primeiros sinais clínicos de intoxicação pela bilirrubina incluem sonolência, diminuição do tônus muscular e recusa alimentar. Se não reconhecido, o bebê evolui para quadro de espasmos, choro inconsolável e febre.
Se o excesso de bilirrubina não for corrigido, o neonato pode evoluir para o Kernicterus, com lesão permanente do cérebro, cujo sintomas surgem após o primeiro ano de vida e incluem:
– Dificuldade em sentar, engatinhar e posteriormente andar
– Tremores e movimentos involuntários
– Alterações na audição e visão
– Retardo do desenvolvimento mental
– Alterações na arcada dentária
Icterícia do leite materno
Não sabe bem o causa, mas alguns neonatos apresentam icterícia relacionado a amamentação. A provável causa deve estar nas características químicas do leite de determinadas mães. A icterícia do leite materno pode ser uma causa para uma ictericia neonatal prolongada, uma vez que a mesma inicia-se ao redor da primeira semana e pode durar por até 3 meses.
Se o recém-nascido estiver se alimentando bem e mantendo o seu desenvolvimento normal, não há motivos para se interromper o aleitamento. A icterícia do leite materno é benigna e não acarreta em maiores problemas.
De modo oposto, a icterícia também pode surgir em recém-nascidos que não estejam sendo amamentados corretamente, sendo causada por um baixo aporte calórico para o bebê.

Tratamento da icterícia neonatal

Fototerapia
Fototerapia
Como a imensa maioria dos recém-nascidos melhora espontaneamente da icterícia, o tratamento só é indicado em caso mais graves. Em geral, indica-se tratamento quando a bilirrubina se eleva acima dos 18 mg/dL a partir do 3º dia, ou acima de 12 mg/dL nas primeiras 24 horas.
A fototerapia é o tratamento mais utilizado para se baixar os níveis de bilirrubina.
O recém-nascido é colocado sob uma luz azul fluorescente que age quebrando a molécula de bilirrubina em pedaços, facilitando a sua excreção na urina e nas fezes.
A fototerapia é um procedimento muito seguro e usado há mais de 30 anos. Em geral, é o único tratamento necessário.

 Fonte http://www.mdsaude.com/2010/02/ictericia-adulto-ictericia-neonatal.html
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