a-z-de-copenhaga

Adaptação
Adaptar-se a um mundo mais quente será inevitável. Diferentes países, porém, têm diferentes capacidades para adoptar medidas nesse sentido. A adaptação, quem a deve pagar e como, é por isso um tema central em Copenhaga.

“Bunkers”
No jargão internacional chamam-se international bunker emissions as emissões dos aviões e dos navios – que contruibuem com quase dez por cento da parcela humana no aquecimento global, mas que ainda não estão regulamentadas internacionalmente. Embora o assunto esteja nas mãos das agências internacionais da aviação (ICAO) e marítima (IMO), Copenhaga poderá trazer novidades sobre o assunto.

Comparabilidade
Um acordo pós-Quioto poderá incluir tipos diferentes de compromissos quanto à limitação das emissões de CO2. É preciso, por isso, garantir que sejam todos comparáveis entre si. A “comparabilidade” é uma palavra-chave nas negociações, estando já prevista no Plano de Acção de Bali, aprovado há dois anos.
6 de Dezembro de 2009 21:40
Conta-Corrente disse...

Dióxido de carbono
É o gás que mais pesa na contribuição humana para o aquecimento global. Através, sobretudo, da queima de combustíveis fósseis, a concentração de CO2 na atmosfera subiu de 280 partes por milhão (ppm) na era pré-industrial, para cerca de 385 ppm agora. Para tentar conter o aumento da temperatura da Terra a dois graus Celsius, a concentração deveria estabilizar em 450 ppm, aí incluídos outros cinco gases com efeito de estufa.

Emissões
Chegar a um consenso sobre metas de redução ou de limitação das emissões de gases com efeito de estufa será um dos pontos mais problemáticos de um novo tratado climático. O IPCC diz que, para uma estabilização a 450 ppm, é preciso que, até 2020, os países desenvolvidos reduzam as suas emissões em 25 a 40 por cento. Ao mesmo tempo, os países desenvolvidos têm de limitar “substancialmente” o aumento da suas emissões – a menos 15 a 30 por cento do que é esperado.

Financiamento
O financiamento à adaptação e à mitigação das alterações climáticas é outros dos pontos-chave das negociações. A União Europeia estima que os países em desenvolvimento vão precisar de 100 mil milhões de euros anuais de financiamento a partir de 2020. De onde virá o dinheiro e como será gerido é algo que está sobre a mesa.
6 de Dezembro de 2009 21:41
Conta-Corrente disse...

G77
Esta é a sigla que designa o grupo dos países em desenvolvimento nas conferências climáticas da ONU. Embora estas nações se apresentem unidas, divergem entre si em vários pontos, conforme os seus interesses particulares. Genericamente, insistem em que os países desenvolvidos devem ser os primeiros a reduzirem as suas emissões, enquanto ao resto do mundo deve ser reconhecido o direito ao desenvolvimento, com consequente aumento de emissões.

História
A história do papel humano nas alterações climáticas coincide com a história do desenvolvimento dos países hoje industrializados. Por isso é que as negociações têm por base as “responsabilidades diferenciadas” dos países em relação ao problema. Há pelo menos uma proposta que sugere que eventuais metas de Copenhaga sejam baseadas numa repartição conforme as emissões históricas de cada país.

IPCC
É a sigla, em inglês, do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change) – criado em 1988 pela ONU e pela Organização Meteorológica Mundial. Publica periodicamente relatórios sobre o que se sabe acerca do aquecimento global, os quais são depois tomados como a base científica para as negociações. Os próprios governos estão envolvidos na redacção do “sumário para decisores políticos”, uma síntese consensual dos relatórios científicos. O último, de 2007, concluiu que há 90 por cento de probabilidade de haver uma contribuição humana no aquecimento global.
6 de Dezembro de 2009 21:42
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Jornalistas
A conferência de Copenhaga atrairá uma multidão de jornalistas do todo o mundo e promete ser um dos eventos mais mediáticos da diplomacia ambiental. Na última conferência similar mais importante – a de Bali, em 2007 – foram acreditados cerca de dois mil membros de órgãos de comunicação social.

Legalmente vinculativo
É isto o que se espera das negociações: que cheguem a um acordo internacional legalmente vinculativo. Já poucos acreditam, no entanto, que este resultado seja alcançado agora em Copenhaga. Talvez se possa chegar a um resultado “politicamente vinculativo”, como um passo intermédio, e concluir o tratado propriamente dito numa conferência suplementar em meados de 2010.

Mitigação
A palavra mitigação refere-se a tudo o que pode ser feito para limitar o aumento da concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera. Envolve tanto a redução das emissões na indústria e nos automóveis, por exemplo, como mecanismos alternativos para retirar dióxido de carbono da atmosfera – como a gestão de florestas ou a captura e armazenamento de CO2 em depósitos subterrâneos.
6 de Dezembro de 2009 21:43
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Negociações
Estão em curso desde a conferência climática de Bali (COP13), em 2007. Houve várias rondas negociais, a última das quais agora, em Barcelona (2 a 6 de Novembro de 2009). Paralelamente, os países que mais emitem CO2 têm discutido o assunto em outros fóruns, como o Major Economies Meeting (MEM), as reuniões do G8 e do G20, e em eventos especiais promovidos pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Em Copenhaga, as negociações começam em grupos de trabalho e são decididas em plenários, com muitas consultas informais pelo meio, para desbloquear os pontos mais quentes.

ONU
Tem centralizado todo o debate formal sobre a cooperação internacional no âmbito das alterações climáticas. Em 2007, temeu-se que surgisse uma via paralela, quando o então Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, criou o Major Economies Meeting (MEM), com os países que mais emitem CO2. Mas afinal, o MEM acabou por afinar pelo diapasão da própria agenda da ONU.

Portugal
Portugal teve um papel central no lançamento das actuais negociações, dado que estava na Presidência europeia durante a decisiva conferência de Bali. Embora tenha, agora, uma protagonismo mais marginal, integrando-se nas posições conjuntas da União Europeia, a experiência negocial desenvolvida em Bali pode ser útil em Copenhaga.
6 de Dezembro de 2009 21:44
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Quioto
O Protocolo de Quioto foi assinado em 1997, mas só entrou em vigor em 2005, após oito anos de discussões sobre os seus detalhes de funcionamento. Fixou metas de redução de emissões de carbono para os países industrializados, entre 2008 e 2012, em relação a 1990. Os Estados Unidos, porém, nunca ratificaram o acordo, comprometendo a meta global de 5,2 por cento de redução. Tecnicamente, Quioto não precisa morrer para que nasça um novo acordo climático – e estão em curso negociações sobre metas para um novo período de cumprimento pós-2012. Mas o mais provável é que seja de facto substituído, com as suas bases essenciais eventualmente vertidas para um novo tratado.

REDD
É a sigla para a redução das emissões da desflorestação e degradação da floresta nos países em desenvolvimento – outro tema central em Copenhaga. O que se discute é como incentivar a manutenção da floresta e como valorizar este esforço – por exemplo, pela contabilização de créditos transaccionáveis de emissões de CO2.

Sustentabilidade
O conceito do desenvolvimento sustentável está inerente ao processo de discussão de um novo acordo climático. Já o estava antes: a palavra “sustentável” aparece cinco vezes no Protocolo de Quioto e também cinco vezes no Plano de Acção de Bali, aprovado em 2007.

Tecnologia
O combate às alterações climáticas depende em boa parte de novas tecnologias, sobretudo na área da energia. Muitas já existem, outras terão de ser desenvolvidas ou aperfeiçoadas. O ponto mais crítico do debate é definir sob que moldes e a que custo será assegurada a transmissão dessas tecnologias para os países em desenvolvimento, onde elas mais são necessárias.

Urgência
A experiência passada deixa claro o porquê de tanta pressa para se chegar a um acordo em Copenhaga. Depois da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, adoptada em 1992, foram precisos cinco anos até se chegar ao Protocolo de Quioto, e depois mais oito para que este entrasse em vigor. Quioto termina em 2012, portanto só há três anos para pôr o seu eventual substituto a funcionar.

Visão partilhada
Na conferência de Bali, em 2007, ficou definido que as negociações para um novo acordo climático deveriam incorporar uma “visão partilhada” sobre a cooperação mundial, incluindo uma meta global para redução de emissões. Na prática, o horizonte de “longo prazo” será possivelmente 2050 e o número mais falado tem sido o de 50 por cento de redução do CO2 a nível global. Embora não haja, por ora, nada definido, um compromisso para este prazo dilatado poder ser mais fácil de obter do que para metas mais imediatas, até 2020.

Xerife
O holandês Yvo de Boer – o secretário executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas – é uma espécie de “xerife” das negociações. Embora a conferência de Copenhaga seja presidida pelo Governo da Dinamarca, cabe ao secretário executivo coordenar todo o processo formal das discussões, ao mesmo tempo exercendo pressão para um resultado satisfatório.

ZZZ...
Se chegou a este ponto deste A a Z, pode ir dormir descansado: já sabe o essencial sobre a conferência de Copenhaga. R.G.


Fonte corta Corrente

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