O Ciclo do Azoto

No início da nossa aventura na aquariofilia, todos nós já sentimos várias dificuldades. Um dos casos que podem ser salientados é a morte da fauna introduzida num aquário recém-montado. Eis que começam a surgir as dúvidas, as complicações e até a falta de vontade para continuar.
Contudo, existe um factor que deve ser tido em conta, no início de qualquer montagem: o ciclo do Azoto. Neste artigo serão descritas as várias etapas do ciclo do Azoto, de uma forma sucinta e alguns aspectos aos quais deveremos ter muita atenção para que evitemos as mortes indesejadas da nossa fauna.
A matéria orgânica presente num aquário, proveniente dos excrementos da fauna, de folhas mortas e até dos restos de comida (todos compostos à base de Azoto), é decomposta numa molécula altamente tóxica para a maioria da fauna: a Amónia (NH3). Basicamente, pode definir-se o ciclo do Azoto como o processo biológico que converte a Amónia noutros, relativamente inofensivos, compostos de azoto. Esta conversão é feita através da acção de bactérias (que estão presentes tanto no substrato, como nas matérias filtrantes existentes nos filtros dos nossos aquários). Existem, fundamentalmente, dois grupos de bactérias. As que transformam a Amónia em Nitritos (NO2) e as que transformam os Nitritos em Nitratos (NO3).


Num aquário novo, com filtro novo onde não existe qualquer colónia destas bactérias, podem ser introduzidos 1 ou 2 peixes resistentes (não sensíveis à Amónia) para que se dê inicio ao processo do ciclo do Azoto. Nesta fase é bastante importante não dar excesso de comida aos peixes, uma vez que, mais comida significa mais Amónia!
Durante o processo do ciclo do Azoto, os níveis de Amónia vão subir e, à medida que as colónias de bactérias que formam os Nitritos se desenvolvam, estes valores tendem a descer. As bactérias que formam os Nitratos só começam a aparecer quando houver Nitritos presentes em quantidade suficiente, logo, os níveis de Nitritos vão aumentar à medida que a Amónia acumulada for convertida. Quando as bactérias que formam os nitratos tiverem as suas colónias estabelecidas, os níveis de Nitratos vão começar a subir. Eis em funcionamento o ciclo do Azoto!


Para serem monitorizados os valores descritos no gráfico, existem vários testes, especializados para aquariofilia, que podem e devem ser utilizados.

O ciclo do Azoto demora normalmente entre 2 a 6 semanas. A temperaturas mais baixas, abaixo de 21°C, este processo pode ser mais lento, uma vez que a temperatura é um dos factores essenciais para o desenvolvimento das bactérias.

Considerando que os níveis de Nitratos continuam a aumentar gradualmente e que esta substância pode ser prejudicial para os peixes em grandes concentrações, existem formas de a eliminarmos do nosso aquário.

Uma das formas de eliminarmos os Nitratos é através da adição de plantas. O metabolismo das plantas necessita de grandes quantidades de Azoto. As plantas conseguem sintetizar o Azoto presente nos Nitratos em açucares, o seu alimento. Assim, num aquário com plantas de crescimento rápido (maiores consumidoras) os níveis de Nitratos podem ser mantidos constantes, pois à medida que são produzidos pelas bactérias, são consumidos de seguida pelas plantas.

Outra forma de baixar os níveis de Nitratos (e de todos as outras substâncias tóxicas para a fauna, como é exemplo a Amónia) é através das trocas de água. Uma troca de água parcial, de cerca de 20-30% do volume de água do aquário, é uma ajuda preciosa para normalizar os valores destas substâncias. Caso seja difícil estabilizar as concentrações, o volume da troca de água poderá aumentar, ou então poderá aumentar-se regularidade com que esta é feita. Normalmente, é suficiente uma troca parcial de água por semana. Mas isto não é uma regra fixa, dependerá, obviamente, das características do aquário (volume, existência de plantas) e da fauna que lá colocamos.

Deixo apenas uma nota muito importante para quem se está a iniciar neste maravilhoso mundo: evitem comprar mais peixes antes que o ciclo do Azoto esteja completo. Mais peixes significa uma maior produção de Amónia e provavelmente causará mortes indesejadas.

Texto Por: Hugo Saldanha
http://aquariofiliaeaquapaisagismo.blogspot.pt/

Comentários

don' be shy disse…
quais são os peixes não sensíveis à amónia?

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