Alergias

O que é a hipersensibilidade alimentar?
A hipersensibilidade alimentar refere-se a todos os tipos de reacções excessivas que um organismo pode desenvolver contra um certo ingrediente de um alimento. A hipersensibilidade a um alimento pode ser dividida em dois grupos, alergias alimentares e intolerâncias alimentares. Ambos os grupos referem-se a reacções anormais a alimentos considerados como sendo seguros.


Alergia
“Alergia é uma reacção de hipersensibilidade iniciada por mecanismos imunológicos.”
Quando se refere que existe alergia a alimentos, refere-se a uma resposta imunológica adversa contra moléculas estranhas (ex: proteínas), presentes nesses mesmos alimentos. As alergias podem aparecer em qualquer período da vida, da infância até à idade avançada. Contudo, as tendências alérgicas declaram-se normalmente até aos 40 anos. O momento em que o indivíduo desenvolve uma sensibilização em relação a uma substância, depende da quantidade da mesma e do tempo que actua. É possível que a alergia se desenvolva, durante vários anos, sem que o indivíduo tenha consciência do facto. Existem manifestações de alergias imediatas e localizadas em locais como: a boca (inchaço dos lábios), no tracto digestivo, nas vias respiratórias (asma e problemas respiratórios) e na pele. As causas de uma alergia alimentar podem ser observadas e diagnosticadas através de vários testes.

Mecanismos
O mecanismo pelo qual se desenvolve um ataque alérgico típico passa, em primeiro lugar, pelo contacto com o alergénio, resultando na consequente produção de anticorpos produzidos por glóbulos brancos, que actuam normalmente para combater agentes patogénicos, actuando de modo a neutralizar o alergénio.
A alergia pode ser mediada por anticorpos ou por células. Na grande maioria dos casos, o anticorpo responsável pela reacção alérgica, pertence ao isotipo IgE, ou seja, alergia mediada por IgE. Nem todas as reacções alérgicas associadas às IgE, ocorrem em indivíduos atópicos (Atopia é a tendência pessoal ou familiar para a produção de anticorpos IgE na resposta a doses baixas de alergénios, normalmente proteínas, que como consequência conduzem ao desenvolvimento de sintomas como a asma, rinoconjuntivite, ou a sindroma eczema/dermatite alérgico (SEDA)). Na alergia não mediada por IgE, o anticorpo pode pertencer ao isotipo IgG, ex. Anafilaxia. Esta é caracterizada por hipotensão ou choque pela vasodilatação total, broncoespasmo, contracção uterina e gastrointestinal, urticária ou angiodema. É uma condição potencialmente fatal e pode afectar pessoas com atopia ou não. Urticária e angiodema são formas cutâneas da anafilaxia muito comuns, e tem o melhor prognóstico) devido a complexos imunes contendo dextrano, bem como na clássica doença do soro, previamente referida como reacção Tipo III. Tanto a IgE como a IgG, podem encontrar-se na aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA). A dermatite alérgica de contacto é representativa de doenças alérgicas mediadas por linfócitos

Tempo e tipo de reacção alérgica

Considerando o tempo que decorre entre o contacto com a substância da origem da alergia e o aparecimento dos sintomas, as reacções podem dividir-se em três categorias:

· Imediata (alguns minutos)
· Semi-retardada (algumas horas)
· Retardada (alguns dias)
Para além desta classificação, podemos ainda considerar outra, mais importante, pois é feita com base na natureza da resposta imunitária ao antigénio.

Os três primeiros tipos de hipersensibilidade ocorrem através do complexo antigénio-anticorpo. Sendo:
- Tipo I mediada por IgE,

- Tipo II por anticorpos

- Tipo III pelo complexo imune

- Tipo IV uma reacção retardada denominada de DTH (envolve diferentes tipos de mecanismos de células e moléculas mediadoras)

Principais factores responsáveis pelas alergias
São vários os factores responsáveis pelo desenvolvimento das alergias:
· Factores ambientais (ex: poluição atmosférica, tabaco etc.);
· A imaturidade natural da parede intestinal do bebé e a digestão insipiente da flora intestinal ainda em fase de formação;
· A hereditariedade;
· Alguns alimentos

Sinais ou sintomas de alergias

“As doenças alérgicas relacionadas directa ou indirectamente com alimentos, afectam cada vez mais pessoas. Na verdade, ninguém está totalmente ao abrigo de sofrer uma reacção alérgica.”

Podemos considerar várias manifestações alérgicas, que podem aparecer de forma isolada ou combinadas. Estas manifestações são de ordem:

- Cutânea (urticária, eczema, angiodema)

- Respiratória (rinite alérgica, aspergilose, crise de asma)

- Ocular (conjuntivite, eczema das pálpebras, blefarite)

- Digestivas (edema da glote, náusea, vómito, dor estomacal e sintomas diversos)

Nota importante: Anafilaxia, que é uma alteração sistémica grave, que ocorre em todo o corpo, o que na verdade é uma severa reacção alérgica. (O indivíduo sente como se sua garganta estivesse fechando, e neste caso, deve-se procurar um serviço de emergência o mais rápido possível.)
Os sintomas manifestam-se de forma mais ou menos acentuada e, em casos extremos, podem pôr em risco a vida do doente. É o caso das crises de asma graves ou do choque anafiláctico, uma reacção brutal e generalizada do organismo que pode incluir perda de consciência e perturbações cardiovasculares.

Quem está em risco de sofrer de uma alergia alimentar?
A alergia alimentar pode surgir em qualquer idade, mas as reacções alérgicas aos alimentos, são bem mais comuns, nas crianças e nos jovens e diminuem consoante a idade. Aproximadamente 2% dos adultos têm uma alergia alimentar. As crianças de pais que têm uma história de alergias alimentares, têm uma susceptibilidade acrescida às alergias. As crianças com alergias alimentares devem ser reavaliadas regularmente, visto que muitas vezes, superam estes problemas e perdem a necessidade de continuar com regimes dietéticos.

Quais os alimentos mais susceptíveis de provocarem alergias?
Os alimentos mais prováveis de causarem reacções alérgicas nos adultos são o leite, ovos, peixe, marisco, tal como o camarão, o lagostim, a lagosta e o caranguejo, os amendoins, as nozes. Nas crianças e jovens, o leite, ovos, trigo e os amendoins são os alimentos que provocam mais alergias.
Existe tratamento preventivo?
O tratamento inclui evitar alimentos que causam alergia ao indivíduo. Alguns indivíduos podem ter que tomar corticóides ou outros medicamentos como antihistamínicos durante uma reacção alérgica. Esses medicamentos ajudam a diminuir a severidade da reacção.
Todos os indivíduos que possuem alergia a alimentos poderão ter este tipo de alergia para o resto de suas vidas. Algumas crianças tem este tipo de problema na infância e adolescência, mas quando são adultos, não possuem mais. Um indivíduo que possui reacção alérgica a alimentos deve ter uma dieta restrita a alimentos que não lhe cause reacções alérgicas, é importante, que lhe mantenham o estado nutritivo necessário para uma boa saúde.
A melhor prevenção da alergia alimentar é o aleitamento materno, uma vez que os leites adaptados (leites para lactentes) utilizam o leite de vaca na sua fórmula de preparação. A proteína do leite de vaca é nas crianças de risco a principal causadora das manifestações alérgicas.
Na impossibilidade do aleitamento materno e quando existir um elevado risco familiar de alergia, deve-se optar por um leite hipoalergénico (HA).

Existem efeitos a longo prazo?
Algumas crianças que desenvolvem alergia a certos alimentos crescem, e não as possuem mais quando adultos. Entretanto, alergia a alimentos podem durar por toda a vida. Bebés que se alimentaram de leite de vaca (até 6 meses) e não o materno, têm a flora intestinal modificada e, provavelmente, vão sofrer de alergias alimentares na juventude. Nos adultos uma alergia alimentar pode surgir depois de um tratamento prolongado com antibióticos. Esses medicamentos afectam a permeabilidade intestinal e, além disso, causam disbiose, matando bactérias saudáveis que favorecem absorção de nutrientes e combatem bactérias nocivas. Os alimentos que causam respostas alérgicas devem ser evitadas. O stress pode agravar a alergia alimentar. Isso porque no stress existe uma libertação de cortisol, diminuindo a formação de imunoglobulinas (protectoras do organismo).

Intolerância alimentar A intolerância alimentar é uma reacção adversa a um alimento desencadeada por um alimento ou ingrediente (ex. intolerância à lactose). Não envolve o sistema imunitário. A reacção é devido à má digestão/absorção de um alimento específico ou ingrediente presente num dado alimento. As pessoas que apresentam intolerância à lactose do leite deve-se a não possuírem uma enzima, denominada como lactase, responsável pela hidrólise da mesma. Esta é uma das intolerâncias mais comuns dos alimentos, que ocorre em quase 50% dos adultos da população mundial. Algumas pessoas têm uma intolerância contra os aditivos, tais como os intensificadores de sabor ou conservantes (ex: sulfito). Os sintomas podem variar de indivíduo para indivíduo tornando-se em alguns casos mesmo impossível de definir qual o ingrediente do alimento que provocou a reacção alérgica. Os sintomas de intolerância alimentar podem ser confundidos por os de uma alergia alimentar. É importante consultar um médico para determinar e avaliar o grau e as causas de uma reacção a um determinado alimento.

Quais são os tipos mais comuns de intolerâncias alimentares?

A intolerância à Lactose é a intolerância alimentar mais comum. As pessoas que sofrem desta intolerância não têm quantidades suficientes da enzima lactase, que digere o açúcar do leite, a lactose. Outros tipos de intolerâncias alimentares, que também são comuns incluem a intolerância à frutose, à glutina, ao álcool, a certos tipos de fibras e aditivos alimentares, tais como os intensificadores de sabor ou conservantes (sulfito) aplicados nos alimentos.

Alergia a nozes
Os amendoins são a causa mais comum das reacções alérgicas graves (algumas vezes fatais), conhecidas como anafilase. Geralmente necessita-se de cuidados médicos imediatos, embora algumas pessoas que conhecem a sua alergia levem consigo comprimidos que neutralizam a resposta do organismo. Nem todos os que têm alergia a amendoins apresentam uma reacção alérgica tão dramática e rápida.

Alergia ao amendoim
Os amendoins podem causar uma alergia grave e potencialmente fatal em alguns indivíduos.
Estudos recentes demonstraram que a alergia ao amendoim é mais comum do que anteriormente imaginado e parece estar aumentando. Isto pode estar relacionado ao fato de que mulheres frequentemente comem quantidades maiores de amendoins e de produtos que contêm óleo de amendoim quando estão grávidas ou amamentando. Alergias a amendoim e outras nozes podem ser herdadas, por isso todas as mulheres com uma história familiar deste tipo de alergia devem evitar estes alimentos durante a gravidez e amamentação.

Outros alimentos que provocam importantes alergias
Os moluscos e morangos são dois dos alimentos mais comuns responsáveis por alergias alimentares verdadeiras, que envolvem o sistema imune.

Hiperactividade
O elo entre crianças hiperactivas e aditivos nos alimentos foi sugerido pela primeira vez na década de 70 e, desde então, recebeu apoio popular. Alguns cientistas descobriram que o comportamento destas crianças melhora quando alguns alimentos são retirados da dieta. Estes incluem o leite, os ovos, o trigo, as nozes, os corantes e os conservantes como tartrazina e ácido benzóico.

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